Tecnologia Wetland e seu potencial – Oportunidades e Precauções

Hoje, 31 de julho de 2019, começou o Simpósio Brasileiro sobre Wetlands Construídos, na cidade de Belo Horizonte – Minas Gerais, no qual fomos convidados para apresentar nossas experiências com os projetos, implementação e operação de Wetlands. Gostaríamos de aproveitar para discutir neste blog algumas suposições comuns sobre esta tecnologia, que em nosso ponto de vista criam expectativas que não podem ser cumpridas, e por outro lado, impedem que reconheçamos o real potencial desta tecnologia. Como empresa brasileira com mais de 80 projetos de Wetland, bem como parceiros da GWT consórcio de empresas especialistas de 9 países, com inúmeros projetos de Wetlands, buscamos difundir nossos conhecimentos para contribuir e realizar o potencial de wetlands em grande escala, realidade já comum em outros países.

Suposição comum, mas não totalmente correta: “O processo de tratamento no Wetland é biológico, pois os responsáveis são as plantas.”

Observação: Processos biológicos são aplicados por várias tecnologias de tratamento de esgoto, ou seja, essas tecnologias buscam ofertar condições favoráveis para que as bactérias naturais completem a degradação da carga poluidora antes que o efluente chegue ao corpo receptor. No caso do Wetland, estas bactérias colonizam no filtro, fixando na superfície da areia ou brita. As plantas, principalmente suas raízes, contribuem na eficiência destas bactérias, mas por si só não são capazes de degradar a carga orgânica. Em certos limites, utilizam os nutrientes que estão presentes no esgoto mas na verdade somente precisam de uma pequena porcentagem. Ainda existe certa controvérsia sobre uma possível absorção de metais pesados ou componentes tóxicos pelas plantas, porém isso não tem relevância para o tratamento de esgoto sanitário.

Correto: Diferente das outras tecnologias que usam processos biológicos de tratamento, os Wetlands tem múltiplos impactos ambientais adicionais, pois são caracterizados pela alta eficiência do tratamento com pouco, ou até nulo, consumo de energia elétrica, e implicam na criação de grandes áreas vegetadas, com efeito climático positivo, além de seus benefícios paisagísticos e até o efeito educacional.

As plantas macrófitas dos Wetlands melhoram o microclima e têm benefícios paisagísticos.
Foto:
Wetland para tratamento de esgoto, Rotária do Brasil.

Suposição comum, mas perigosamente incorreta: “Como são sistemas naturais de tratamento, podem ser implementados facilmente e resolvem qualquer problema.”

Observação: A aparência “natural” do Wetland, que se mostra também em nomes como “bio-jardineiro”, pode levar ao esquecimento de que se trata ainda de uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) e que exige considerarmos as normas comuns de engenheira sanitária, pois são necessárias certas experiências com esta tecnologia e sua capacidade de absorver e tratar diferentes tipos de efluentes. Não é raro, infelizmente, que Wetlands parem de funcionar porque foram implementados em áreas criticamente pequenas, sem o cuidado necessário na escolha do material filtrante ou sem a consideração sobre o tratamento preliminar e sua manutenção. Neste sentido, é importante saber que o Wetland comum não substitui o tanque séptico, pois trata o efluente que sai deste ou de uma outra tecnologia capaz de remover os sólidos do esgoto bruto.

Correto: O que caracteriza o Wetland como sistema “natural” é a imitação de funções de autodepuração no ambiente aquático. Que estabelece, por exemplo, sua necessidade em área relativamente grande, mas também a capacidade de absorver altas variações de carga e ser adaptável a vários tipos de efluentes. Caraterísticas que se tornam realidade sempre que o projeto for desenvolvido profissionalmente.

O projeto deve ser adaptado ao tipo de efluente, ao objetivo do tratamento e às condições locais.
Foto: Pós-tratamento de efluente de uma ETE na China, projeto AKUT, GWT.

Suposição comum, mas não completamente correta:Entre as tecnologias de tratamento de esgoto, o Wetland se apresenta como a tecnologia mais econômica.”

Observação: Os custos para a implantação de Wetlands dependem das condições locais quando comparados com tecnologias da mesma eficiência. Não necessariamente são menores, pois podem ser influenciados por fatores como: valor da área ocupada, custo e necessidade de transporte de areia ou brita de granulometria específica, custo de instalação da lona ou até custo das mudas (macrófitas). Como as quantidades necessárias para estes insumos são relativamente grandes, podem resultar custos semelhantes às tecnologias compactas com equipamentos mais exigentes. Entretanto, como a operação de tecnologias compactas é mais exigente e mais sofisticada, resulta para os Wetlands um custo total ou “custo de vida” muito mais econômico.

Correto: Comparado com tecnologias de eficiência similar (Lodos Ativados, MBBR etc.) os custos de operação de qualquer tipo de Wetland são muito mais econômicos e as medidas de operação são muito mais simples.

Alta eficiência e flexibilidade da tecnologia que pode ser garantido com operação simples e econômica.
Foto: Wetland para o tratamento de esgoto de um empreendimento
no Brasil.

Para mais informações, convidamos a visitar nossos sites sobre: Wetlands para tratamento de efluentes e

Wetlands para tratar lodos das ETE’s e dos tanques sépticos (fossas).